Parece que vai ser un día de celebración para a Lusofonía, en vistas de que é posíbel o acordo que permita unha maior unidade ortográfica entre os distintos países. Despois de todo, a fragmentación é algo que só xoga na nosa contra.
Non temos falado moito eiquí de normativa (é algo do que xa se fala de máis, e cunha enorme acritude, en moitos dos espazos da rede) mais o Mantedor, anque os terreos filolóxicos que percorreu foron outros, non deixa de expresar a súa simpatía pola lóxica interrelación de tódalas variedades do romance occidental da península que se falan. E consideraría un grande progreso que todos (galegos incluídos) empregásemos unha normativa común, facilitando as mutuas lecturas e contactos.
Antes de entrar na academia, a semana pasada, tiven oportunidade de matar o tempo nunha librería e topar un exemplar barato de 'As aventuras de Ngunga', de Pepetela. Tiña vezo por ler algo deste Angolano, que xa se me escapou cando veu a Compostela. Non imos entrar, claro está, en debates de exotismo, anque se vos interesa o choio, discutirémolo noutra entrada e ocasión...
Eiquí, un anaco...
Non temos falado moito eiquí de normativa (é algo do que xa se fala de máis, e cunha enorme acritude, en moitos dos espazos da rede) mais o Mantedor, anque os terreos filolóxicos que percorreu foron outros, non deixa de expresar a súa simpatía pola lóxica interrelación de tódalas variedades do romance occidental da península que se falan. E consideraría un grande progreso que todos (galegos incluídos) empregásemos unha normativa común, facilitando as mutuas lecturas e contactos.
Antes de entrar na academia, a semana pasada, tiven oportunidade de matar o tempo nunha librería e topar un exemplar barato de 'As aventuras de Ngunga', de Pepetela. Tiña vezo por ler algo deste Angolano, que xa se me escapou cando veu a Compostela. Non imos entrar, claro está, en debates de exotismo, anque se vos interesa o choio, discutirémolo noutra entrada e ocasión...
Eiquí, un anaco...
-Porque estás a chorar, Ngunga? - perguntou Nossa Luta.
-Dói-me o pé.
-Mostra então o teu pé. Vamos, pára de chorar e levanta a perna.
Ngunga, limpando as lágrimas, levantou a perna para a mostrar ao Nossa Luta. Este olhou para ela, depois disse:
-Tens aí uma ferida. Não é grande, mas é melhor ires ao camarada socorrista.
-Não quero.
-Se não te tratares, a ferida vai piorar. A perna inchará e terás muita febre.
-Não faz mal -disse Ngunga. - Não gosto de apanhar injecções.
-És burro. Agora, o socorrista não te vai dar injecção nenhuma. Mas depois, se tiveres umha infecção, então precisarás de injecções. Que preferes?
-O socorrista está longe.
-Acaba com as desculpas. Vai lavar-te e parte.
-O dia está a acabar. Em breve será noite.
-Ainda bem. Dormes lá. Amanhã és tratado e voltas. Qual é o problema?
Ngunga abanou a cabeça, mas nãao refilou. Foi lavar-se e preparou comida para a viagem.
Ngunga é um órfão de treze anos. Os pais foran surpreendidos pelo inimigo, um dia, nas lavras. Os colonialistas abriram fogo. O pai, que era já velho, foi morto imediatamente. A mãe tentou fugir, mas uma bala atravessou-lhe o peito. Só ficou Mussango, que foi apanhada e levada para o posto. Passaram quatro anos, depois desse triste dia. Mas Ngunga ainda se lembra dos pais e da pequena Mussango, sua irmã, com quem brincava todo o tempo.
Quando o sol começava a desaparecer, Ngunga partiu para a aldeia do socorrista. Conhecia bem o caminho, não poderia perder-se. Mas a noite ia cair e teria de dormir antes de lá chegar. Ngunga, porém, estava habituado. A bem dizer, não tinha casa. Vivia com Nossa Luta, por vezes; outras vezes, se lhe apetecia, ia viajar pelos kimbos, visitando amigos e conhecidos.
Mas para quê avançar de mais? Temos tempo de conhecer a vida do pequeno Ngunga.
-Dói-me o pé.
-Mostra então o teu pé. Vamos, pára de chorar e levanta a perna.
Ngunga, limpando as lágrimas, levantou a perna para a mostrar ao Nossa Luta. Este olhou para ela, depois disse:
-Tens aí uma ferida. Não é grande, mas é melhor ires ao camarada socorrista.
-Não quero.
-Se não te tratares, a ferida vai piorar. A perna inchará e terás muita febre.
-Não faz mal -disse Ngunga. - Não gosto de apanhar injecções.
-És burro. Agora, o socorrista não te vai dar injecção nenhuma. Mas depois, se tiveres umha infecção, então precisarás de injecções. Que preferes?
-O socorrista está longe.
-Acaba com as desculpas. Vai lavar-te e parte.
-O dia está a acabar. Em breve será noite.
-Ainda bem. Dormes lá. Amanhã és tratado e voltas. Qual é o problema?
Ngunga abanou a cabeça, mas nãao refilou. Foi lavar-se e preparou comida para a viagem.
Ngunga é um órfão de treze anos. Os pais foran surpreendidos pelo inimigo, um dia, nas lavras. Os colonialistas abriram fogo. O pai, que era já velho, foi morto imediatamente. A mãe tentou fugir, mas uma bala atravessou-lhe o peito. Só ficou Mussango, que foi apanhada e levada para o posto. Passaram quatro anos, depois desse triste dia. Mas Ngunga ainda se lembra dos pais e da pequena Mussango, sua irmã, com quem brincava todo o tempo.
Quando o sol começava a desaparecer, Ngunga partiu para a aldeia do socorrista. Conhecia bem o caminho, não poderia perder-se. Mas a noite ia cair e teria de dormir antes de lá chegar. Ngunga, porém, estava habituado. A bem dizer, não tinha casa. Vivia com Nossa Luta, por vezes; outras vezes, se lhe apetecia, ia viajar pelos kimbos, visitando amigos e conhecidos.
Mas para quê avançar de mais? Temos tempo de conhecer a vida do pequeno Ngunga.
1 comentário:
A túa reflexión sobre a normativa lingüistica fíxome lembrar una frase que Borges pon na boca dun dos personaxes do seu relato "Utopía de un hombre que está cansado".
Así que busqueina no libro e dice asi: "La diversidad de las lenguas favorecía la diversidad de los pueblos y aun de las guerras; la tierra ha regresado al latín".
Apertas.
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